E não muito longe, ele esperava-a.
Tinha no pensamento as cartas que não haviam sido escritas por ele e, no entanto, estavam cuidadosamente guardadas na casa que não partilhavam.
Queria gritar-lhe, chamar-lhe nomes, chorar, alegar que ela não o merecia mas tinha consciência que isso seria impossível.
Ela era um animal da selva, sem possibilidade de ser domada cravada nos seus olhos mas que trazia a doçura na sua pose.
Sabia que a amava mas para ela, ele não passava de um desejo banal, um no meio de tantos outros.
Nada poderia ser mais atractivo do que a divisão consciente da atracção física e emocional. A questão residia apenas numa coisa: por qual optaria ela?
Seria ainda possível fazer mais alguma coisa que abrisse as portas à paixão?
Ele não conhecia a resposta e, quando ela se colocou em bicos dos pés para o beijar como sempre, naquele alegre jogo de amantes sem compromisso, ele não negou o seu toque, abraçou-a e disse: "O que te demorou tanto?".