domingo, 24 de janeiro de 2010

Persistência - (I)

"Estava frio e tu tinhas-me abraçado durante toda a noite.
Persistente e obstinado como sempre, rondavas o meu espaço, entravas sem vergonha e trazias a lata própria de um copo a mais.
Os nossos amigos comuns mandavam as suas indirectas mas eu não tinha qualquer tipo de ideia em relação a ti.
Em tempos, quando desconhecia a tua faceta exibicionista, mexias comigo, com o meu corpo e a minha libido, mas provocaste-me o turn off total quando a conversa sobre tuas proezas sexuais em frente aos teus amigos era muito mais importante que tudo o resto.
O desejo morreu aí e todas as tentativas provocadoras, irresponsáveis eram lançadas por terra tanto por mim como por ti.
Vivíamos no jogo constante, em que os participantes não eram apenas nós e, contudo, fomos atraídos e repelidos incessantemente.


Não desististes, persististes, insististes.
Acho que deves ser das pessoas mais teimosas que eu conheço.
Como aqueles bonecos "sempre-em-pé" que se recusam a cair, a cansar de correr atrás por aquilo que querem.

Tu quiseste-me, nunca escondeste. Não havia essa necessidade entre nós. A irracionalidade racional que nos toma quando nos juntamos é vísivel e passa para o resto do mundo - e eu que achava ter ainda sangue de actriz.
Forçaste-me com esses olhos verdes, consumiste-me com o teu ar de malandro.

Desconhecias os meus defeitos mas analisavas cada uma das minhas virtudes gritantes através da minha camisola justa, decotada, a saia curta e esvoaçante que deixavam ver as minhas pernas que se delineavam graças aos saltos altos.
Percorreste cada centímetro com os teus olhos, sonhaste ter a tua boca no meu pescoço e nunca mais dali sair. (...)"