segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ilusão

"Acabou."

Ela já o sabia há muito tempo mas vivia na ilusão de uma sonhadora.

Lutar era inútil, comparável a uma batalha entre os destreinados camponeses e os cavaleiros de renome.

Perdera e sentia-se perdida. As feridas já estavam tão abertas, os cortes tão profundos que nem mesmo o mais poderoso guerreiro podia aguentar as dores que causavam.
E ela era apenas uma mulher com o coração cravado de cicatrizes que julgava esquecidas nas malhas do tempo mas que agora abriam viciosamente graças ao que ele a fizera passar de novo.
Toda a inconstância e dúvida haviam desfeito a muralha que ambos tinham construído no coração de Raquel. Era simplesmente demasiado peso para conseguir aguentar.

Não que ela fosse uma boneca de porcelana, frágil e intocável. Apesar do seu metro e cinquenta e cinco e corpo de menina, o seu intelecto superava as "barbies" que se pavoneavam pelos caminhos e o seu coração tinha espaço para cada um dos seus amantes mesmo que pertencentes ao passado ou apenas aqueles que a amavam como mãe ou irmã.

No entanto, Raq chegara ao limite, rebentou a escala.
O amor que sentia por ele estava lá, palpitante, latente, a ferver em cada milimetro do seu corpo mas era escusado.
Ela não passaria por mais uma chacina.

Para quê?

Haviam dezenas de homens que a desejavam, que a queriam amar e carregá-la ao colo para as suas camas.
Porquê ficar presa a Filipe que não a valorizava, que não queria o que ela tinha para dar apenas devido a um medo ilusório sem motivo aparente?

Raquel dar-lhe-ia o mundo, o mar, a lua se ele lhe pedisse porque vivia por ele.
Sonhos desfeitos pelo mínimo da lógica e o expoente máximo do ridículo.


"CHEGA!!!
Basta.
Acabou. Mentaliza-te R, é melhor assim" - disse para si própria.

Nas mãos delicadas, apenas os cortes, o sangue, o vinho derramado e o restos de vidro de um copo partido pela raiva de ter perdido o homem que amava.

Coração

Tenho em ti o melhor do Mundo, o melhor amor-amizade.
Quero-te, ao som das últimas badaladas, bem perto de mim, num abraço apertado.
Amo-te C.