terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mãos

Gosto quando me fazes isso.
Quando passas as tuas mãos pelas minhas, entrelaças os meus dedos nos meus.

Percorres as minhas marcas de nervosismo, de cansaço patentes, deixando a tua impressão digital em cada uma delas. Torna-las tuas, nossas - conheces a minha pele com os nós dos teus dedos.

Levas o seu sabor de encontro à tua boca e beijas-me com carinho e, depois, brincando com as minhas reacções, passas levemente o teu indicador pela palma da minha mão.

Suave como vento, quente como o fogo que crepita na lareira.
Estou sentada ao teu colo. Sinto a tua barba por fazer, o teu nariz, as tuas pálpebras.

Dou um pouco de mim. Conto-te em silêncio os meus segredos, o quanto me fazes feliz - tudo com apenas dois dedos viciados na tua textura, em cobrir os teus sinais.

Como uma criança, riu-me daquilo que tu dizes. És engraçado e não gostas de sopa.
Reparo na cara que fazes quando a tua mãe diz que a tens de comer - surge de novo o miúdo que em tempos conheci.

Sei que estou prestes a ir embora então saboreio cada segundo, milésimo de segundo ao teu lado.
Sinto a tua falta todos os dias. Sim, todos os dias sem excepção.


Shall we run away and leave it all behind?