Quando passas as tuas mãos pelas minhas, entrelaças os meus dedos nos meus.
Percorres as minhas marcas de nervosismo, de cansaço patentes, deixando a tua impressão digital em cada uma delas. Torna-las tuas, nossas - conheces a minha pele com os nós dos teus dedos.
Levas o seu sabor de encontro à tua boca e beijas-me com carinho e, depois, brincando com as minhas reacções, passas levemente o teu indicador pela palma da minha mão.
Suave como vento, quente como o fogo que crepita na lareira.
Estou sentada ao teu colo. Sinto a tua barba por fazer, o teu nariz, as tuas pálpebras.
Dou um pouco de mim. Conto-te em silêncio os meus segredos, o quanto me fazes feliz - tudo com apenas dois dedos viciados na tua textura, em cobrir os teus sinais.
Como uma criança, riu-me daquilo que tu dizes. És engraçado e não gostas de sopa.
Reparo na cara que fazes quando a tua mãe diz que a tens de comer - surge de novo o miúdo que em tempos conheci.
Sei que estou prestes a ir embora então saboreio cada segundo, milésimo de segundo ao teu lado.
Sinto a tua falta todos os dias. Sim, todos os dias sem excepção.
Shall we run away and leave it all behind?