segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Persistência - (III)

"O tempo corria e só os nossos beijos roubados o faziam abrandar, ganhar folêgo para, de seguida, nos afastarmos e procurarmos de novo, como uma música sem compasso constante.

Apesar de tudo eu sei as tuas cores, que és capaz de ser um camaleão, que facilmente te adaptas às minhas necessidades, vontades, impulsos para teres aquilo que desejas naquele momento.

Reconheço que é parte de quem tu és e não pretendo mudar-te assim como não vou mudar os meus valores ou mecanismos por causa de uma aventura contigo.
Como já te disse mil e duas vezes, eu não funciono como as outras raparigas as quais estás habituado.

Talvez não saibas reagir a isso ou então sou eu que na minha ingenuidade acho que é isso que acontece.
És como o vento que já passou na minha história. Sabes levemente as coisas que me afectaram (e ainda me afectam, por vezes) e por uma estranha razão senti que compreendeste minimamente. Estranho, não é?

Quero fugir de novo contigo, um fugir de crianças, sentar contigo num banco de jardim e beijar-te e deixar-me beijar.
Precisas de mais? Eu não e também não te peço mais nada.

Persistência - (II)

"(...) Percorreste cada centímetro com os teus olhos, sonhaste ter a tua boca no meu pescoço e nunca mais dali sair. Quiseste abraçar-me, passar as mãos pelo meu corpo, as minhas curvas que tantas vezes te atraíram.
Eu sentia-me bonita naquela noite. Tu fizeste-me sentir desejada.

Não escondeste a tua vontade e, quando os teus dedos me tocaram na pele, olhastes-me como se eu fosse pecado. Desafiaste-me e sabes bem que eu não resisto a uma provocação. Insolentemente, encostaste o meu corpo ao meu, puxaste-me para ti.
No meu pensamento, o sabor imaginário da tua boca. Todos os meus sentidos captavam cada um os teus gestos, independentes mas subordinados aos meus movimentos.
Sabes que eu mexo contigo.
Sabes que eu não sou mais uma.
Acho que é isso que te atrofia, que te definha, que te confunde.
Eu atraí as tuas qualidades e nem sequer pensei no possível negativo.
Senti o calor da tua língua na minha graças à minha cedência e a tua persistência
Levaste-me contigo, arrastada confortavelmente no nosso embalo.
O tempo corria e só os nossos beijos roubados o faziam abrandar, ganhar folêgo para, de seguida, nos afastarmos e procurarmos de novo, como uma música sem compasso constante. (...)"