quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ama-te

É simples.
Não têm muito que saber.
Amas-te e, depois, amas-me.

Vive para ti, pensa em ti, descobre-te
Descobre o que gostas, porque gostas
E, como gostas de ti próprio.

Ganha confiança em ti, ri-te, cresce.
Aproveita os momentos que partilhas contigo,
Vê o que tens de bom para me dar.

Compreende as tuas próprias razões,
Mima-te, dança sozinho, adormece a pensar em ti,
Guarda segredos teus e sente o teu próprio toque.

Ama-te para, depois, me amares.
Para saberes quais são os meus motivos.
Para descobrires o que me prende a ti.

Porque eu vivo assim, descobrindo o bom e o mau.
O que tens para me dar, o que é só teu mas partilhável
O que te faz sorrir e o que te faz ficar triste.

A loucura das beijos e a doçura dos carinhos,
O riso sem controlo, a atenção aos pormenores,
O interesse pelo que faço, a alegria que me trazes

Eu aprendi a querer ser feliz e, depois, descobrir a felicidade
A viver a minha vida e, depois, querer uma vida contigo,
A amar-me, amar-te e, depois, amar-nos.
E agora?
É simples.
Mas serás capaz?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ilusão

"Acabou."

Ela já o sabia há muito tempo mas vivia na ilusão de uma sonhadora.

Lutar era inútil, comparável a uma batalha entre os destreinados camponeses e os cavaleiros de renome.

Perdera e sentia-se perdida. As feridas já estavam tão abertas, os cortes tão profundos que nem mesmo o mais poderoso guerreiro podia aguentar as dores que causavam.
E ela era apenas uma mulher com o coração cravado de cicatrizes que julgava esquecidas nas malhas do tempo mas que agora abriam viciosamente graças ao que ele a fizera passar de novo.
Toda a inconstância e dúvida haviam desfeito a muralha que ambos tinham construído no coração de Raquel. Era simplesmente demasiado peso para conseguir aguentar.

Não que ela fosse uma boneca de porcelana, frágil e intocável. Apesar do seu metro e cinquenta e cinco e corpo de menina, o seu intelecto superava as "barbies" que se pavoneavam pelos caminhos e o seu coração tinha espaço para cada um dos seus amantes mesmo que pertencentes ao passado ou apenas aqueles que a amavam como mãe ou irmã.

No entanto, Raq chegara ao limite, rebentou a escala.
O amor que sentia por ele estava lá, palpitante, latente, a ferver em cada milimetro do seu corpo mas era escusado.
Ela não passaria por mais uma chacina.

Para quê?

Haviam dezenas de homens que a desejavam, que a queriam amar e carregá-la ao colo para as suas camas.
Porquê ficar presa a Filipe que não a valorizava, que não queria o que ela tinha para dar apenas devido a um medo ilusório sem motivo aparente?

Raquel dar-lhe-ia o mundo, o mar, a lua se ele lhe pedisse porque vivia por ele.
Sonhos desfeitos pelo mínimo da lógica e o expoente máximo do ridículo.


"CHEGA!!!
Basta.
Acabou. Mentaliza-te R, é melhor assim" - disse para si própria.

Nas mãos delicadas, apenas os cortes, o sangue, o vinho derramado e o restos de vidro de um copo partido pela raiva de ter perdido o homem que amava.

Coração

Tenho em ti o melhor do Mundo, o melhor amor-amizade.
Quero-te, ao som das últimas badaladas, bem perto de mim, num abraço apertado.
Amo-te C.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal (I)

Era Natal.
O som da porta a bater era o último que se recordava.

A discussão civilizada, respeitosa, que levava em consideração os sentimentos dele que a destruíam, era torturante.

No entanto, ela fazia-o.
Fechava-se em copas, vestia a armadura invisível e ouvia cada palavra.

Não era suposto correr assim. Aquele dia devia ter sido de tréguas, de olhares carinhosos trocados ao som da música doce que tocava no gira-discos, que ela tinha descoberto com o seu jeito curioso, numa loja em segunda-mão, que um dia o tinha feito apaixonar por ela.

O ambiente era perfeito.
Até o tradicional visco pendurado se mostrava graças às brincadeiras com as crianças do dia anterior.

Podia ter tudo sido e ainda assim nada foi.

Podia ter sido real e ainda assim ele optou por agarrar o que antes o havia magoado, em vez de, partir para um sonho, longe do somente imaginado, com a mulher que agora se deitava no sofá de cabedal castanho, de vestido de lã branca e deixava as lágrimas cair uma a uma, pensando no quanto gostava dele e desejando que ele estivesse ali.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Neve

Durante muitos anos a música que ela ouvia no Natal era 'All I want for Christmas is you' e todas as vezes a associava a alguém especial, como se de uma brincadeira se tratasse.
Esta época do ano não significava muito para ela desde que a sua família se havia desmoronado e, no entanto, aquele som natalício comercial fazia-a sempre dançar à volta da árvore cuidadosamente enfeitada.

Este ano ela pensava nele, na vontade que tinha de o abraçar, de o beijar, de lhe dizer o quanto ele significava. Mas estava condicionada pela atitude dele. A sua inconstante presença e vontade de estar com ela destruiam-na.

Não queria um amigo como todos os outros que sentiam a sua falta, pensavam muito nela e a amizade era o ponto de partida e chegada.

Ela queria um Homem, com quem pudesse contar, partilhar, rir, dividir sonhos e objectivos para o ano seguinte. Alguém que a fizesse sentir amada como uma mulher e não como uma irmã.

Disso estava ela farta, não era essa a prenda que queria.

'Chega.' - pensou enquanto pendurava o último enfeite, - 'Sou melhor que isto. Se ele não sabe o que tem nas mãos, então não merece o que sinto.'

Terminou o seu eggnog, olhou pela janela e adormeceu vendo a neve cair.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Anúncio: Principe, procura-se

Procura-se principe encantado que faça uma mulher de feitio docemente e perfeitamente complicado, feliz, e com as seguintes caracteristicas:


Deve ser a pessoa certa, ou seja, não é a mais inteligente, a que nos escreve os mais belos bilhetes de amor, a que nos jura a eternidade, "nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo."

Deve querer ficar com ela de forma tão simples quanto isto, ficar.
Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem.

Deve ouvir com o coração porque se querem habituar ao som da sua voz e entra no coração bem devagar, respeitando o cada pedaço da história dela.

Deve ser timido, suave precavendo-se para terem a certeza que não se vão enganar.

Deve proteger, cubrindo-a do frio nas noites de Inverno, levando-a a casa quando chove e afastando-se se tiver algo que a possa por em risco, ainda que a vontade seja enche-la de beijos, coisa que não deve fazer pois tudo deve ser na medida e proporção certa.
Deve ouvi-la falar sem parar mesmo do desagradável.
Deve escutar as palavras de sabedoria e ter também a sua experiência para partilhar.

Deve ter paciência, muita paciência para poder aturar as birras matinais e vespertinas, os ciúmes saudáveis e a tendência feminina de chamar à atenção.

Deve envolve-la com um sorriso, apertá-la com um abraço sempre que as suas lágrimas correm pelo rosto dela.
Deve ser o causador de noites de sono perdidas e ficar, também ele, desperto a pensar nela.

Deve saber cozinhar o básico, mas ser o mestre dos ovos mexidos.
Deve saber alguns conhecimentos de mecânica mas não os suficientes para deixar o carro a funcionar quando este avaria no caminho para casa.

Deve amá-la com respeito, beijá-la com paixão.
Deve sentir-se tentado quando está nos braços dela.

"E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica. "

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

When a woman loves a man



Quando o sentimento é incontrolável as acções passam a ser réplicas exactas do e, cair na tentanção é mais fácil ainda.

Mesmo que isto seja errado, ao menos as memórias ficam guardadas, tal e qual diamante, pérola ou um bilhete apaixonado, com o maior carinho.
Desculpa se sou apenas mais uma louca que quer fechar o coração e não encontra a chave que tu roubaste.

Por favor, lembra-te que 'quando um homem ama uma mulher não consegue pensar em mais nada'.

Não sintas a minha falta;

Apenas perdoa-me os actos irreflectidos de amante e relembra os gestos de amizade.

Só isso importa agora.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Home

Quero ir para casa.
Talvez esteja rodeada por um milhão de pessoas,
De totas as cores, formas e feitios.
Talvez esteja rodeada por um milhão de homens
que sentem um arrepio quando me vêem.
Mas ainda assim sinto-me sozinha,
Isto não está certo.
Sinto-me sozinha.

Quero ir para casa!
Ainda me sinto sozinha,
Sinto a tua falta.
E tenho mantido todas as cartas que te escrevi,
Guardadas, escondidas.
Algumas apenas meia dúzia de palavras
Algumas nem são boas o suficiente,

O que me resta?
Apenas eu e o Inverno,
E eu quero ir para casa.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Frio

Está frio cá fora.
Aperto os livros contra o corpo.
Procuro-te com o olhar.
Estás perto, sei que também me ves.
O que estarás a pensar?
E agora?
Ela amou-te primeiro, mas eu amo-te melhor.
Com mais segurança, sem te deixar cair, sem nunca te exigir nada.
Tu desististe; será que devo fazer o mesmo?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Overdose

"Sentir-te ter uma overdose de emoções e não conseguir ser o antídoto forte que te cura, que te traz para mim, é destruidor.
Tu lembras-te de cada pormenor;
Desde a tonalidade exacta dos meus olhos castanhos à pulseira colorida que trago no pulso direito em sinal de amor à minha irmã.
Descobriste em mim o que eu descobri em ti : um porto seguro.
Vivia por isso, cada dia era apenas mais um passo na nossa amizade feita desejo, feita amor.
Nunca pensei que as coisas chegassem a este ponto. Não ao momento em que eu digo: " É melhor dar um, dois, três, vinte passos atrás. Afastar-me do teu toque viciante, da tua boca que me consome, do teu brilho no olhar quando sabes que isto está certo."
Como é que eu posso ter-te e não te ter? Se tenho dentro de mim, bem preso, bem colado e, depois, foges no meu abraço que não foi apertado o suficiente e refugiaste nas tuas dúvidas.
Eu cresci contigo e tu perdeste a força em nós.
E se eu te dissesse que isto está apenas a começar? Que eu ainda carrego a esperança de um dia te voltar a ouvir dizer que me queres?
Não preciso de te prender, as amarras não são necessárias quando se sabe gostar.
Por favor, não te assustes. não te vou desapontar.
Respeito cada decisão tua mas eu quero tentar, quero acreditar, quero construir algo contigo, quero ser tua sem pressões, sem forçar mas com uma força enorme, daquela que vêm de dentro.
Não consigo viver sem ti. Mas conseguirei viver, contigo, mesmo não te tendo?
Sou obrigada a descobrir."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sweet dream or a beautiful nightmare

Se estivessemos felizes, eu diria-te que sonhei contigo, com os nossos corpos colados, gritando, desejando, matando por mais.
Mas só depois acordei, num pânico louco, característico dos nossos momentos, tendo ainda a memória do sabor do teu beijo quente.

E, agora, com o frio da madrugada, ele desvanece e dá lugar ao salgado das minhas lágrimas carregadas do pressentimento de que não te vou ter de novo nos meus braços.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Palavras soltas

"vê, admira, impressiona, conhece, ri, sonha, beija, sonha, ri, beija de novo, partilha, passeia, instala, almoça, toca, arrisca, sorri, estuda, divide, dá a mão, dá um abraço, olha nos olhos, foge, sai, dança, desperta, enlouquece, faz enlouquecer, pára, sente, pára outra vez, ama, ama em dobro, ama em triplo, sente insegurança, sente confiança, tem febre, fica bom, sê feliz, faz feliz, magoa, chora, volta, fica, confia, ama.

Pra mim, comigo, em mim, -me
Pra ti , contigo, em ti, -te
Porque eu quero para nós, connosco, em nós, -nos.

Broken

"Acabou por ser um sonho desfeito pelo mínimo da lógica e pelo máximo do ridículo."

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Bilhete

"Carrego-te no meu íntimo, sabendo que vamos cumprir as promessas que fizemos um ao outro.
O teu olhar é o mais doce, o mais sincero, assim como todas as tuas palavras e gestos de carinho.
Levo-te comigo para onde quer que eu vá porque tu, sem forçar, entraste devagarinho na minha gaveta, aquela que eu tinha bem fechada dentro de mim e cuja chave eu julgava perdida.
Mas tu decidiste que ias mandar abaixo a fechadura, trazer uma chave nova e guardá-la contigo.
Não te impeço. Fazes-me feliz e a felicidade que sinto é aquela bem verdadeira, bem sincera, bem pura, onde as interferências não são possíveis pois nós construímos a nossa própria fortaleza baseada na amizade e respeito, no desejo e carinho, nas castanhas quentinhas da Baixa de Coimbra e a chuva da madrugada no rosto.

Eu adoro-te e, pela primeira vez em muito tempo, sei que vai dar certo.
Ficas comigo?"

sábado, 5 de dezembro de 2009

Te quiero

Quero-te já.
Quando nos sonhos caminhamos de mão dada
por ruas onde não nos reconhecem, eu quero-te.
À média-luz, e, como amantes damos beijos escondidos
que fazem o meu coração disparar, eu quero-te.
Quando sorrio e vês em em mim um brilho especial,
mesmo sabendo que não me pertences, eu quero-te.Justificar completamente
Quando me orgulho e desaponto, fraquejo e fortaleço,
fujo e me entrego, seduzo e me deixo seduzir, eu quero-te.
Tão perto e longe, tal qual areia que escorrega por entre as mãos,
tu fugiste para o irreal e ainda assim, quero-te já.

E não é na realidade que te amo e que te quero,
mas sim nos sonhos onde me agarras com força,
me chamas à razão.
Sei que não te mereço nem ao doce sabor amargo de um beijo teu,
roubado, apenas no imaginário.
Deixei-te escapar por entre os dedos e agora?

O que faço sem ti se não sei não te querer?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mensagem

"Desculpa,
Eu amo-te mas a verdade é que foi ele quem me cativou.
Trouxe-me o tropeçar no riso e tu apenas o afogar em lágrimas.
Apenas fez algo que tu sempre tiveste medo de fazer : Amou-me de volta.
Mereço mais, muito mais e tu apenas não estiveste à altura de me conseguir.

Até um dia."


Li a mensagem dela escrita na sua caligrafia cuidada.
O choque era demasiado grande para ser posto em palavras.

sábado, 28 de novembro de 2009

Choque

Punha as mãos à cabeça com as lágrimas prestes a fugirem.
Não podia ser! Simplesmente não podia! Como é que se podia ter enganado tanto a respeito dele?

Apetecia-lhe rasgar aquela carta em pedaços bem pequeninos, equivalentes a imagem do seu coração.

Aquele papel, delicadamente colocado no envelope, onde se podia ler ' compatibilidade: positivo' provavelmente por alguém que o fazia com a maior naturalidade e indiferença, destruia agora a sua alma.

Ele tinha-a traído e a criança tinha os seus doces olhos castanhos e o cabelo desgrenhado.
Não havia como fugir e nada a poderia ter preparado para isso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Inverno

Passeavam por entre as ruas da cidade sem esperar nada mais.
Na mão dele, o cartuxo das castanhas comprado por impulso, quente, a última fornada do dia.

Na mão dela, o fruto amarelo, fumegante, a ser suavemente dividido para os dois, para que partilhassem do mesmo sabor.

Todos os que passavam invejavam a cumplicidade.

Era como contar uma história, com um inicio tão doce e sem vontade de terminar. O aproveitar de cada segundo movia-os e, talvez por isso, nem notavam que o sol já se punha, as aves recolhiam e o mundano dava lugar as luzes da metrópole.

Dançavam a melodia insonora do carinho que os unia com o riso, o toque e os olhares que trocavam.

As palavras proferidas eram do quotidiano mas a forma como saiam dos lábios dela faziam com que parecesse magia: a luz de fim do dia, os cabelos ao vento frio, esse que lhe corava as bochechas e lhe dava o ar de bonequinha com corpo de mulher. Apesar do seu tamanho, transpunha a personalidade de um gigante. Era impossível não a escutar, prestar-lhe atenção pois era demasiado atrativa toda aquela imagem.

Estava a apaixonar-se por ela de novo: pelo sabor dela, pelo brilho no seu olhar e a transparência e suavidade no viver. Apenas dizia a si próprio: "Vem; desta vez não foste tu a falhar e eu ainda te quero comigo"

domingo, 15 de novembro de 2009

Opções

Haviam muitas coisas que desconhecia sobre ela. A única coisa que era comum, para todos nós que a víamos passar diariamente por aquela rua, não passava do andar casual, quase flutuante, daquela mulher. O seu pescoço, que trazia constantemente um cachecol, cada dia de uma cor diferente para não destoar das suas roupas, deixava escapar sempre um uma visão daquela pele tão branca que contrastava com os seus cabelos negros, num decote apetitoso mas simultâneamente discreto. Aquela mulher era a personificação de uma brisa de Verão num Inverno gelado como este.
E não muito longe, ele esperava-a.

Tinha no pensamento as cartas que não haviam sido escritas por ele e, no entanto, estavam cuidadosamente guardadas na casa que não partilhavam.

Queria gritar-lhe, chamar-lhe nomes, chorar, alegar que ela não o merecia mas tinha consciência que isso seria impossível.

Ela era um animal da selva, sem possibilidade de ser domada cravada nos seus olhos mas que trazia a doçura na sua pose.
Sabia que a amava mas para ela, ele não passava de um desejo banal, um no meio de tantos outros.
Nada poderia ser mais atractivo do que a divisão consciente da atracção física e emocional. A questão residia apenas numa coisa: por qual optaria ela?

Seria ainda possível fazer mais alguma coisa que abrisse as portas à paixão?

Ele não conhecia a resposta e, quando ela se colocou em bicos dos pés para o beijar como sempre, naquele alegre jogo de amantes sem compromisso, ele não negou o seu toque, abraçou-a e disse: "O que te demorou tanto?".

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Castelos

As coisas mais curiosas da vida acontecem quando estamos em auge.
No auge da alegria, complexo estado que garante a quem a possui uma armadura bem resistente às situações menos boas, mas éfemeras, do dia-a-dia mas no entanto é rapidamente destruída ao ser confrontada com o apogeu da loucura que traz, muitas vezes, consigo a tristeza melancólica que quebra a carapaça que julgávamos inquebrável.


É como um espelho, que reflecte todas as maravilhas do mundo mas que, ao gesto mais brusco, permite à fragilidade tomar as rédeas e, tudo o que sobra é a memória à qual nos agarramos com a maior intensidade.
Como as ondas que batem na costa.
Há algum lugar onde a dor seja transformada em amor e, a música seja o motor das vidas?
Se há, leva-me para lá, nas asas de Pégaso. Leva-me para o mar que constrói castelos de areia

Já não sou feliz aqui.

sábado, 3 de outubro de 2009

Sentidos

"Naquela balada morena que me perseguia pelas ruas, não me apercebi da sombra que se deslocava atrás de mim, leve como ar mas ao mesmo tempo tão real como a parede de tijolo pela qual passava as minhas mãos pequenas mas longas e hábeis. Cada passo era a constatação da sua presença - uma presença que me parecia invisível dada a minha concentração no teu jeito de ser, de me envolver. Os segundos traduziam-se numa coreografia sem regras na qual a liberdade era o ritmo que me guiava. Sem justificações e sem ter que recorrer a um compasso insonoro que era apenas audível para mim.

Ainda assim consiga senti-la, aquela pressão que já antes tinha sentido, como se alguém se estendesse por cima do meu corpo e eu não conseguisse respirar, só ofegar, procurando o ar que não me era destinado. Perdia os sentidos há medida que me movia e pela primeira vez aprendi a abraçar essa sensação em vez de a repelir.

E assim, num movimento digno de beija-flor, toquei-lhe suavemente. O calor que percorreu nada centímetro da minha pele não era o esperado e mais uma vez me sentia desfalecer apesar da sensação ser idêntica à de tomar um banho em que a água ferve mas ainda assim nos queremos manter lá dentro.
Não podia o podia largar. Deixei-me levar ao som de uma música que era apenas audível para ele, para mim, para nós, numa noite em que o céu chorava e ainda assim havia estrelas sorrindo."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tempo

" [...] Não penses no tempo, esquece que o tempo existe. Quando estou contigo as horas parecem minutos por isso porque falar de tempo se ele não é real?
A primeira vez que os teus lábios roçaram os meus, o relógio parou.
A primeira vez que senti as tuas mãos passarem pelo meu pescoço, as badaladas suspenderam-se e ai veio o arrepio, esse inimigo eterno das horas.
Enquanto me percorria, eu pensava : " Quem és tu? Não faças com que me apaixone de novo, por favor."
Não me ouvias e sei que mesmo que o soubesses o terias ignorado. Já me pertencias mesmo sem eu saber.
Foi a quimica, o calor, a paixão surgidas por um simples encontro não planeado.
Agora, não consigo dizer-te que não. Já sou tua mesmo sem ter pensado nisso. Arrisquei de novo e desta vez não vou perder porque tu já és parte de mim, essência, espaço indefinido e tempo inacabado"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mulheres

"[...] A esfera de emoções que me assola quando me encontro com elas é indescritivel. Nasceu em nós algo que normalmente só uniria irmãs de sangue e que no entanto é a chama que nos mantém juntas. De mão dada passamos as silvas e os prados floridos, com olhar fixo na esperança que um dia teremos com quem partilhar a imensa felicidade que nos caracteriza quando estamos juntas.
Nada pode rasgar o céu, romper o mar ou dividir o fogo.

Nada me separa das minhas mulheres.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Clandestina


"E hoje tenho a certeza que sou clandestina num jogo que nós criamos. Não tenho esperanças nem sonhos. Só o desejo momentâneo mas ainda assim constante de te ter a meu lado, sentir o teu abraço.
Não sais da minha cabeça e nem sequer tenho bases para te querer segurar e isso agora também não é vital.
Cada momento foi unico, catalizador de arrepios.

Só o teu beijo, o teu sabor, isso sim, é essencial."

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Escuro


" [...] Agora, só o bater do relógio de parede se faz ouvir. Já não há mais riso. O teu perfume desvaneceu. Agora só o frio, só a escuridão. Mas não aquela a que estava habituada, na qual tu me guiavas e eu me deixava levar como a criança que segue atrás do desconhecido encantada com os truques de ilusionismo que trazias.Estou novamente imersa na obscuridade, desta vez sem o teu perfume, sem a tua voz. Com posso acreditar de novo? "

domingo, 16 de agosto de 2009

Vou voltar

"Vou voltar. Não sei quando. Meu fado me trará de volta; E todas as rodas de desenganos e saudades serão preenchidas por entre o espanto da procura daqueles que me julgaram morta nas inúmeras caminhadas por entre rosas que um dia foram brancas. Julgaram-nas manchadas pelo meu sangue, cujas pétalas caíram ao meu passar, ao som de uma gota de sangue derramada. Sangue esse que tirava a pureza de toda aquela brancura tornando-o numa luta violenta contra mim própria.Oh gente! Como pudeste pensar que cairia, se passei por entre os espinhos?
Se suportei todas as feridas e vi perante meus olhos o embalo do medo e da luta?
Não me conheceis e desta forma duvido que algum dia o faças, se duvidais da coragem de uma mulher. Há um mundo novo lá fora e não é melhor que o vosso (ou se será “nosso” uma vez que voltarei?). Pronto a ser descoberto não vai esperar por vós nem por mim, cujo destino me trouxe de volta a esta esfera de desconhecimento, vai crescer, trará novos botões de rosa e as flores crescerão e serão cortadas metidas na lapela de um simples homem apaixonado que ganhou fôlego para convidar o amor de sua vida para um passeio pelo jardim e mostrará à sua amante platónica que os espinhos da rosa vão picar se não tivermos medo de a colher mas que compensará o sacrifício, pois desfrutaremos da mais bela flor.
Ai, minha gente como pudeste pensar que desistiria? O barco negro que levou minha alma não me rotulou como jovem indefesa que apenas precisa de uma volta ao longo do rio. Considerou-me marinheiro. Fez-me desejar estar de novo na comodidade e retornar com o orgulho ferido mas criou as capacidades que me fizeram negar essa hipótese. Se quisesse voltar como volto agora seria para mostrar o melhor de mim e não o corpo sem espírito.
Noites perdidas envoltas em sombras que me perseguiam. Não desisti de procurar a luz de que desfrutava no sítio de onde vim; apesar de tudo também tinha coisas boas. E é tudo isso que me faz voltar. Não sou fraca e o meu duelo de titãs entre tudo o que nega firmemente isso vai ser vencido por mim."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Renascer


Renasci. O que nunca pensei fazer, fiz, sem pensar nas consequências dos meus actos, e gostei.

Foi tão rápido. Deixei-me embrenhar na teia da segurança efémera dos teus braços. A ideia de que seria algo que terminaria no segundo a seguir fazia-me depositar em ti tudo o que tinha de bom para dar pois na minha ideia tudo terminaria tão rapidamente como começou. Nem o teu convite tímido para que me deitasse contigo na primeira noite em que me conheceste me fez vergar, e Deus sabe como não resisto a um homem que me mostre o seu lado mais doce. Fiz-me forte pensando que desistirias. Alguém como tu, tão dado a ter tudo na hora, nunca se daria ao trabalho de batalhar para me ter nem que fosse apenas uma ilusão da mente embriagada pelo cansaço da longa viagem.
Enganei-me; nessa mesma noite, depois do cigarro a que mais tarde me habituei, vieste.Não estava sexy nem tão pouco romântica com o meu pijama cor-de-rosa às riscas verticais (para me fazer sentir mais magra e mais alta enquanto durmo) e ainda assim "boa noite, adorei estar contigo hoje, dorme bem" e deste-me um beijo bem suave.Consequentemente voltaste a enganar-me. O termino deveria ter sido imediato; no entanto, arranjaste forma de te manter colado a mim, "attached".

A minha ideia sempre foi fazer com que tudo evaporasse. Mas tu foste solidificando as coisas boas e destruindo as menos boas. Uma delas a imagem que tinha de ti. Eras tão diferente! Tão divertido, tão carinhoso, tão romântico.Não houve uma única noite que me deixasses sozinha. Mesmo quando foi altura de ter uma em que os homens eram os reis e a minha pedalada não se mostrou suficiente, ainda assim, mesmo depois de eu já estar a navegar no mar dos sonhos, dormiste na cama ao lado, só para não me incomodares.
Adormeciamos de mão dada, não oculta aos olhares dos espectadores pois o nosso gesto de carinho inesperado mas constante era demasiado bom para ser escondido.

" És tão bonita Joana, eu vou gostar de ti quer fiques mais alta, mais gorda, mais enrrugada porque eu gosto de ti como tu és. E cada segundo que passa gosto mais"Foram as palavras que me tocaram. A forma como mas proferiste por debaixo dos lençois já marcados pelas praxes do dia anterior.Viviamos por aqueles momentos em que podiamos ser apenas nós, sem intreferência dos juizos precipitados ou das esperanças românticas.Só eu e tu, por entre os caminhos perdidos dos nossos Mundos.

Onde podiamos ser nós próprios.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tempo

"E não é preciso de tempo nenhum para se apaixonar
Mas são precisos anos para saber o que é o amor ´
E é preciso algum medo para confiar
É preciso aquelas lágrimas para se enferrujar
É preciso do pó para se polir"
Jason Mraz in Life is wonderful

Acabou tudo tão rápido como começou.
Ainda és um garoto, um botão de rosa que ainda não desabrochou.
Quando cresceres, vais finalmente perceber que perdeste uma mulher, uma flor.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Samba


Quero um samba. Quero dançar até cair esta noite.
Quero uma balada. Quero apaixonar-me esta noite.
Extremos que se completam, que se unem na formação de algo mágico.
Vou ter-te esta noite, coladinho a mim porque eu não sou banal.
Eu sou serenidade num samba baiano.
Eu sou loucura numa balada.

domingo, 12 de julho de 2009

Passado

"Às vezes pergunto-me se vou conseguir esquecer. E sem querer, sem esperar nem desejar, a tua imagem inunda os meus sonhos e faz-me rebolar na cama à procura da vontade de dormir de novo pois acordo de hora a hora para confirmar a fria realidade.

É nesses momentos que me apetece pegar no telemóvel, ligar-te e perguntar-te o que queres fazer de tarde ou então contar-te que tive um pesadelo e sentir a tua mão invisível a passar pelos meus cabelos.
Era reconfortante ter-te. Ter certezas concretas de que era contigo que eu ia ficar, com quem eu podia contar independentemente das circuntâncias divagantes da nossa vida. Tu eras o meu melhor amigo acima de tudo, o meu rochedo e a minha almofada. - Um combinado, como aqueles que vemos no supermercado.
Evaporaste no silêncio da noite. Acho que é por isso que no fundo nunca saiste de mim e eu em parte ainda te pertenço mesmo sem saberes.
Sei que nunca voltarei para o teu beijo melodioso. Eu estava apaixonada, enamorada por alguém e esse alguém desapareceu como o sol quando cai a escuridão. Ainda revelo paixão, amor mas por um homem que morreu e ainda assim vive. Já não és quem eras e eu nunca poderei amar da mesma forma e com a mesma intensidade alguém diferente.
Não é que não apoie o crescimento e o ganho de maturidade. Acredito na mudança, crescimento mas não na transformação completa eliminadora de uma identidade que te revelava único aos meus olhos.
O teu sorriso timído e o teu olhar meigo que tantas vezes me incendiou agora metamorfizado em indiferença faz-me pensar que talvez deva comprar flores, vestir o meu vestido preto,ir a um funeral, derramar as minhas últimas lágrimas e ultrapassar-te, desejando ainda saber como ser feliz."

quarta-feira, 8 de julho de 2009

01.12.08

[...] "Não sei o que fazer, o que pensar. A minha Lua voou para bem longe e deixou-me no escuro. Como levantar a cabeça e ver toda a massa escura, negra. Medo é o que me assola. De olhar para cima e não ver mais do que o infinito obscuro. Já não sentir o calor, a limpidez da luz da Lua, dançar ao vento com a pessoa certa. Mas quem é a pessoa certa?Será que me deixou sozinha para sempre? Oh! Mas Sempre é uma palavra tão definitiva, e nenhuma verdade é totalmente definitiva.Tenho saudades de amar, amar de verdade.
Ansiar por cada beijo, por cada abraço, cada riso e palavra de carinho. Que turbilhão me assola e eu sem querer voltar a olhar e ver o céu vazio sem a minha Lua.Perdoa-me, meu Anjo, minha Vida. Vem, e volta. Leva-me contigo que me deixas-te aqui sozinha sem nada a que m agarrar.
Não me faças correr mais Lua minha. As minhas pernas já fraquejam e não há mais terra na direcção que sigo. O chão vai fugir por entre a erva, e o abismo aproxima-se.Não me deixes! Não me deixes! - Eu vou gritar bem alto.
E nesse grito, procuro-te mais uma vez e olho o céu pela última vez antes de cair.
E aí vejo, pontos de fogo incandescente. Como é possivel?E paro. Mais um passo e nunca veria aquela maravilha. "O que são?" - pergunto.
E ouço uma voz dizer - "São as Estrelas. Luz permanente. cada gesto Amor Verdadeiro"
"E a minha Lua?"
"A Lua não é mais que o desejo, vai e volta cada noite. Mas não é permanente nem Verdadeiro."
E agora compreendo porque partiste. Não eras mais que uma rocha magoada à procura de conforto. Já não sinto a tua falta, porque me apaixonei pela Luz e não pela escuridão. [...]"

Prisão

Os gatos já não vivem em casotas.

Os peixes já não vivem em aquários,

Nem tão pouco os pássaros sobrevivem em gaiolas.

Eu já não respiro sem AR,

Não amo sem MAR

Não rio sem TERRA.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Romeu

"Entrei e já sabia o que ia acontecer. Não estava, de todo, à espera de um Romeu. O meu coração batia de uma forma tão forte, tão rápida, que a minha respiração tornou-se insuficiente para me manter viva. Eras tu quem eu queria, quem me fazia ter cada arrepio de desejo.
Quando as tuas mãos tocaram os meus lábios eu soube que tinha perdido o jogo. Não havia volta a dar. Não era da suavidade que estava à espera mas sim do desejo avassalador que me mostraste. Não sabia o que fazer. Tornei-me marioneta e deixei-me levar.
Agarraste-me com toda a tua força no mesmo instante em que perdi a minha. Roubaste-a de mim e ainda assim não te censuro.
Beijaste-me com a paixão que não sabia que tinhas, talvez com uma pontada de medo que desconhecia que pudesses sentir. Afinal sempre és humano.
Sonhei contigo, com aquele sentimento que me mantinha viva e tu realizaste esse sonho.
Não foste meigo nem gentil. Não era uma boneca de porcelana para ti, sou uma mulher. Não me deixes fugir."

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Chegada a casa

"Já chego tarde. As sandálias de salto alto são a primeira coisa a sair para não acordar os vizinhos. Depois o casaco. A noite torna-se mais quente a cada dia que passa; ainda sim, não parece Verão.
Deixo o top preto, que me acompanha de vez em quando nestas noites em que me quero sentir mais sexy, a repousar no chão do quarto.
Limpo a parca maquilhagem: só gloss e rímel, nada mais. As calças já se perderam pelo caminho até ao chuveiro.
Penduro o sutian e a tanga no cesto, ligo a água e deixo correr.
Sei o percurso de cada uma das gotas.
Saio depois de vários minutos de mentalização de que o gás está para acabar.
O meu rasto perlonga-se até ao quarto.
Já sequei o cabelo, vesti a camisa de dormir vermelha e deitei-me. Vou sonhar, já nada importa.

Ele deixou-me."

terça-feira, 30 de junho de 2009

Magnetismo

"Não te tenho mas ao mesmo tempo já não vivo sem te ter.
Ao som da tua voz, o meu corpo vibra, vira instrumento musical e é tocado ao teu compasso.
Torna-se impossível a sanidade comum quando te aproximas. Tens esse efeito em mim. Tu sabes. Não posso mais esconder no que me tornas porque eu própria não consigo conter a minha felicidade quando me abraças ou sorris para mim.
Pareçe que voltei aos tempos de criança que se achava conhecedora de grande parte dos sentimentos humanos e me apaixonava por ti em cada dia, mesmo que tu nem soubesses o meu nome.
No primeiro dia em que falámos, parecia um sonho tornado realidade. Ainda que a nossa história tivesse começado no tempo errado, era impossível conter esta onda, esta maré de emoções que assolavam até mesmo quando só passavamos horas a fazer caretas um ao outro.
Parte da magia residia na nossa estranha relação mantida secretamente, visível aos olhos de todos.
Era inegável. A atracção residia na teoria do magnetismo, os opostos atraem-se."

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Manhã

O sol brilha lá fora. São horas de acordar.
Não me apetece nada. E se ficasse mais dois minutos na cama?
A mãe vai-se chatear comigo.
Consigo ouvi-la, os seus passos a percorrerem a casa. Apressada tenta acordar de novo a minha irmã.
Só mais um minuto...

"LEONOR!"

Pronto, foi o toque final.Arrasto-me para a casa-de-banho cheia de vapor. A mãe queixa-se da humidade e olha para o tecto como se isso pudesse alterar a mancha escura que começa a surgir. Não me preocupo muito.

Ai! Alguém está a mexer na água! Aposto que é a minha irmã! Argh, que frio.
E agora, o que vestir?
"Demasiado rosa, demasiado decotado, demasiado farfalhudo" e a este ritmo, a pilha de roupa amontoava-se em cima da cama.

"LEONOR!"
UPS, já estou atrasada!

Enfio toda a roupa, à pressa, no armário. Pode ser que a mãe não note. Acho que calçei as meias do avesso.
Se me despachar ainda consigo ir buscar aquele livro à biblioteca antes que desapareça outra vez.
Enquanto divago sobre a literatura francesa ouço o apitar do carro.

Ai! Onde estão os meus óculos?
Que stress. Vou perguntar ao professor de Biologia se há alguma coisa para convencer a minha mãe a relaxar de manhã. Era uma grande ajuda.

"LEONOR!"
"Já vou mãe, já vou."

domingo, 14 de junho de 2009

Escuteiros

Hoje foi apenas mais um dia de Promessas.
Tenho orgulho nos meus Pioneiros e tenho orgulho de fazer parte desse Grupo.

Cantámos com alma. É com eles que posso contar.
E especialmente contigo, Sabes bem que sem ti já não há vida porque não conheço Vida sem ser contigo. Em cada passo meu, tu estiveste lá. Foste o meu ombro amigo, as minhas lágrimas e o motor dos meus risos intermináveis.
Quando eramos pequeninos, passeavamos de mão dada.
Hoje em dia, eu não cresci muito mais, mas tu estás enorme. No entanto, continuamos a ser confundidos com os casais de namorados que muitas vezes não têm metade da nossa cumplicidade.
Partilhamos o mesmo saco-cama nos escuteiros e já não há vergonha ou embaraço nas nossas conversas.
Não somos perfeitos. Mas também ninguém o é. Discutimos como qualquer adolescente se bem que às vezes assumimos a pose do irmão ou irmã mais velha e confortamo-nos mutuamente.
É a ti que digo : " Amo-te " todos os dias e te dou o abraço mais apertado.
És insubstituível. És meu.
Um dia declamo-te um poema e vamos à praia de mãos dadas.
Joana e Tiago, eu e tu, somos um, Sempre. Aqui, Lá, em qualquer lugar, em qualquer tempo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Disney

No outro dia um amigo meu disse-me:

"Já não há filmes da Disney como quando eramos crianças; Já não histórias de amor para Sempre"

Cada vez tenho mais a certeza que o cinema retrata a realidade. ;)


Quero que chegue o Verão para me metamorfizar, ver as minhas pernas a tranformarem-se em barbatana e ser Sereia de novo.

Vou procurar o meu ERIC e fazer uma festa de arromba no fundo do Mar.

Thinking of you

Comparisons are easily done once you've had a taste of perfection
Katy Perry


Love Songs

Acho que cada vez mais concordo com o NE-YO

"And I'm so sick of love songs " -.-'

Juro que ando.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dá-me



Dá-me.

Dá-me apenas um segundo.

Esquece o que te envolve – as guerras internas, externas; as falhas e a morte de tudo o que é vida.

Pára, senta-te e sente. Ouve as vozes à tua volta – nada é mais banal do que o burburinho inquieto daqueles cuja despreocupação marca o quotidiano, juntamente com toda a rapidez com que se respira este ar impregnado de falta de tempo para os que amamos; e nem sempre prestamos atenção suficiente para nos aperceber do que se passa ao redor da nossa egoísta perspectiva.

Por isso te digo, mais uma vez, junta-te a mim.

O ar que nos envolve, saturado com a dúvida dos homens tristes. Já não ouvimos o riso da criança. A irracionalidade supera o racional de tal forma que todos os segundos de atenção que podíamos dar aos outros são absorvidos num remoinho de egocentrismo. Redime-te e ouve-me.
Bebe o teu café, age naturalmente. Ninguém se vai aperceber do teu nervosismo ou incómodo por estares sentado a conversar com uma mulher como eu. Sei que mexo contigo. Sou tudo aquilo que um dia desejaste ter e não consegues alcançar porque não abres mão ou não dás a oportunidade a ti mesmo de esquecer tudo o resto e seguir o que te faz verdadeiramente feliz.

O que mais te assusta é teres a plena consciência de que nada vai mudar se não deres o primeiro passo.

Ainda respiro, ainda me apercebo do calor da tua pele e do teu perfume que me faz arrepiar como se fosse a nossa última noite num quarto de hotel.Apercebe-te de que não já não estamos sozinhos na segurança de uma sala fechada e que todos os medos não saltaram a vista porque ninguém mais se importa. Ninguém é como eu – que sonha e faz por ser ouvida; que grita bem alto até os pulmões rebentarem de dor e as lágrimas secarem e não escorrerem mais pelo meu rosto.

Mas não aqui; demasiada exposição. No entanto não sei se alguém prestaria atenção a um casal como nós. Passamos despercebidos; as minhas olheiras, fruto de horas de sono perdidas, embrenhada nos meus desejos últimos por ti, escondidas debaixo de uns óculos de sol.
Ansiei por ti noites e dias. Morri e nasci de novo na esperança de te fazer voltar para mim. Recusei todos aqueles que vieram ao meu encontro para que pudesse desfrutar por um segundo da tua companhia, para que te sentasses e me ouvisses com atenção.

Choquei-te?
Não mais do que tu me chocaste. Acreditei nas mais belas palavras de amor. Agora é de novo o silêncio.

Onde estão as flores no tabuleiro do pequeno-almoço? Os gestos de amor eterno, desvaneceram, foram insignificantes no momento que abri a gaveta e descobri todas as cartas apaixonadas que não me eram endereçadas.
As palavras escritas foram a total constatação do porquê de já não receber um último beijo de manhã.

Como pudeste? Enganar-me deliberadamente, escondendo-te no teu sorriso perfeito que tantas vezes me derreteu e agora congela o meu coração por saber que já não é verdadeiro.

Não percebes que é por isso que aqui estou?
Porque não abres essa boca e me contas ? Não me obrigues a confrontar tudo de novo. Deixa-me ter ainda uma réstia de esperança de que tudo isto seja falso.

Mas não.
Continuas com o teu café, falas de uma forma trivial como se o meu perfume já não te incomodasse mais e a minha falta de maquilhagem não te relembrasse as tardes na praia em que percorrias o meu corpo com sabor a mar com os teus lábios e me dizias ao ouvido: “És tão simples, tão bonita”.

Tudo o que era verdadeiramente essencial na nossa vida tornou-se dispensável e não vejo qualquer justiça nisso.
Já não aguento por muito mais tempo.

Basta.

Para onde foi a sinceridade que te caracterizava? As horas que passámos, deitados no sofá relatando o nosso dia.
Cada pequeno ritual que me fez amar-te mais e mais. Agora nada mais a que me agarrar.
Eu podia ter feito estátuas de chuva, muros de fogo. Podia ter saltado dos pontos mais altos se isso te fizesse feliz.
E o que é que tu fizeste? Conservaste-me e ao mesmo tempo construías um mundo novo. Não pensas-te nas consequências nem nos sonhos desfeitos.

O que é o Sonho afinal? Sei que não é ver-te aqui, sentado a olhar para mim na esperança que termine o meu café e saia pela porta fora sem mais uma palavra, sem olhar para trás.
Nem um som; para quê desperdiçar o silêncio?

Diz o que precisas de dizer: que foste um inútil, um fraco que não distinguiu o desejo do amor: o verdadeiro sentimento que faz bater dois corações em uníssono. Acho que esqueceste, não te convinha saber que és o causador das minhas noites perdidas e dos meus desejos de desaparecer.

Apagaste da memória? Eu vou fazer o mesmo.

Levanto-me, pago a despesa.
Não te dou nem mais um segundo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Aulas e romances.

Acabei por não vestir nem uma coisa nem outra.Vi-me presa num sonho patético que, mais uma vez, me ia fazendo perder o autocarro.Já estou farta de aulas.
Por uma razão estúpida só vão acabar dia 19 e nós aqui, desejosos de dias de Verão (mas daqueles solarengos, quentinhos, com sabor a praia, não são estes cheios de chuva molha-tolos e brechas de sol fraquejante).


Já não me lembro da sensação de um Verão assim. O ano passado só queria que as aulas começassem (parece que nunca temos o que queremos no tempo ou espaço certo), e ter alguma coisa com que ocupar a minha cabeça que não fosse ex-namorado e um romance meio esquisito no qual me via tão embrenhada e ao mesmo tempo tão distante. A sensação de dizer "amo-te" a outra pessoa era torturante. Não achava justo comparar sentimentos incomparáveis e enganar-me a mim mesma e aos outros sobre o que verdadeiramente sentia: falta, muita falta de um abraço dele, um carinho, uma brincadeira infantil que muitas vezes, na minha sensibilidade aguçada e exagerada, gerava pequenos conflitos que rapidamente se transformavam em beijos de reconciliação e juras de amor eterno.
Uma palavra complicada : "eterno".

Quase nos faz acreditar que vamos viver para Sempre aquele sentimento cheio de controvérsias tão graves, em que o bom supera o mal e já não existe mais nada a nossa volta que não seja "Eu e Ele". Já não há contos de fadas para as princesas do século XXI. As bruxas e os feitiços são tantos que se torna difícil ver cavaleiros de carne e osso expostos à luz do dia sem a protecção e vigilância constante de quem o agarrou primeiro.

Não tenho essa tendência. Acredito na necessidade de espaço de cada envolvido em todos os tipos de relações. Não há nada mais sofucante que um namorado possessivo. Ou então nada mais desgastante que um desinteressado. Há que existir um balanço, um equilíbrio para que tudo resulte.

Nunca me entreguei a 100% a nenhum dos rapazes com que me envolvi "rotineiramente". Os únicos em que onde não escondi nada foram precisamente aqueles em que o momento era fugaz e não havia a certeza de um próximo beijo.
Jamais esqueci o minha primeira grande paixão. Depois de 5 anos nesta vida de de amores inconcluidos e desenganos, há um Homem que,por muitos que conheça e me que julgue apaixonada, ninguém consegue superar.

O seu beijo foi algo que me aqueceu como o Verão que tanto desejo. Guardo o primeiro como se de uma pedra preciosa se tratasse e não consigo esquecer toda a magia que me envolveu nele nesse momento - não havia maldade, apenas a urgência de tal como eu, encontrar o encanto que ouvimos um dia contar, numa noite junto à fogueira.
Envolveu-me com o seu sorriso característico e no dia seguinte partiu com as lágrimas que partilhávamos. Sabíamos que ia ser para sempre. A ligação era inegável e parecia que tínhamos razão.

Acho que depois de tanto tempo, posso afirmar que registei cada momento como se de uma fotografia se tratasse. O indescritível é a metáfora que nos uniu. Foi química, romance, amizade, desejo – tudo combinado. Foi mais do que qualquer coisa que alguma vez tenha sentido. Foi o único por quem eu verdadeiramente sofri. E não de uma forma banal. Sofro quando não posso dizer tudo o que tenho cá dentro.

Acho que iria fazer muito mais sentido.

Posso dizer que já caminho com ele há mais tempo do que alguma vez sonhei. Parece que foram dias e não anos. O tempo tornou-se relativo a partir do segundo (ou terão sido dias?) de que o meu coração começou a bater num compasso acelerado cada vez que ele estava a meu lado.
Nunca estive assim com outro alguém.
Não acho que se possa sentir tudo isto com mais de uma pessoa – não desta forma em que todo o meu corpo treme quando me tocas no cabelo e me lembras que temos de dar tempo ao tempo. É nisso que acredito. Que um dia vou ser feliz; feliz com ele.
A felicidade pura não poderá existir de outra maneira.
Tudo isto para dizer que sou uma apaixonada. Não da forma normal. Não posso dizer que o amor que sinto por ele é algo que seja concebível. É necessária a lógica do encontro e da presença e essa é a lacuna que nenhum dos dois consegue preencher.

Adiante, deixemos as lamechices e voltemos ao tema inicial:

Acho ridículo a obrigatoriedade de mais duas semanas de aulas, ainda por cima tendo dois feriados esta semana.
Gente louca, esta gente.