quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mito

"Quando falo do homem que em ti conheço, falo do que vi e de tudo o que vivi, muito mais do que o meu amor apaixonado e o meu optimismo infantil me fizeram imaginar.
Esse homem que eu julguei como o certo para mim não foi mais do que um mito; nasceu, cresceu e morreu num outro livro. Não precisamos lá voltar."

Margarida Rebelo Pinto in O dia em que te esqueci



(...) Tu, mais que ninguém, sabes que é difícil resistir-me quando te abraço e passo a mão pelas tuas pálpebras como fiz tantas vezes. Sentes tanto a minha falta quanto eu. Podes negar quantas vezes quiseres, espernear internamente, gritar, correr, fugir até mas não vais sair do calor dos meus braços até eu me afastar.

É como se fosse uma questão de sobrevivência: eu preciso do teu cheiro comigo, esse que me lembra daquela noite fria em que era o teu corpo o meu cobertor, meu afrodisíaco, tudo num só homem.

Tu precisas de mim para cuidar de ti, me preocupar contigo, passar a mão pelos teus cabelos e dizer-te que vai ficar tudo bem e que, num dia não muito distante, nós vamos fugir para um lugar só nosso onde as imposições negativas do teu coração não se vão meter no caminho.

Um sonho, que vira sorriso, que vira lágrima, que vira tu, que vira eu, que vira nós, que vira mito.