terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Não

Ela deambulava pela rua fora.
Os passos eram como os de uma criança.
Pequenos, solenes, marcados.

Tomara as suas próprias decisões.
Dera-lhe o seu coração mas ele não o guardou.
"Não faz mal"- pensava ela, secretamente -

"De qualquer forma não o faria feliz:
Não lhe traria luz aos dias;
Não o faria corar;

Não lhe traria o pequeno-almoço à cama;
Não o beijaria com paixão;
Não lhe lhe diria que seria para sempre;

Não dançaria com ele à chuva;
Não vestiria aquele vestido por ele;
Não dormiria abraçada a ele.

Pelo menos não todos os dias.
Ter-lhe-ia dado o tempo, o espaço.
Ter-lhe-ia dado as saudades e a reconciliação.

Mas quem escolhe é quem não ama.
Porque quem ama não têm escolha,
Apenas vive porque vive a amar.