A tua presença vagueia em mim, nos meus livros, na minha cama.
O som do mar faz-me lembrar quando dormiste no meu peito, sabendo que era aí que estarias guardado.
As horas queimadas como o papel, rapidamente, calorosamente fizeram com que me marcasses com a tua côr, o teu sabor.
Nem saber que te partilho (ou será que apenas me alimento com a essa esperança?) com memórias mal apagadas, mal amadas me fez afastar de ti, da tua imagem feliz quando estávamos juntos e prestes a apaixonar.
Fugiste cedo demais, tinha tanto ainda para dar.
Mas...
Foi bom, não foi? Os passeios meio escondidos do mundo, os beijos roubados e os sorrisos incontroláveis?
Estivemos perto, pertinho, como quando sonhava que andávamos à beira-mar, de mão dada e surgia o pôr-do-sol devagar, devagarinho.
Eu dei-te o meu coração para o guardares bem guardado, tentei-te mostrar o quanto desejava ser a tua mulher, pertencer-te só a ti, dividir-me só para ti.
Não chegou e vi-me embrenhada numa perigosa rede em que era eu o pequeno insecto indefeso que lutava contra as malhas de um sentimento completamente diferente, que impedia a luz da razão entrar.
Quero voltar à mesma Raquel de sempre, Filipe - A Raquel racional e forte que partilha a vida contigo sem se envolver, sem decompor o seu próprio ser, rir até cair sem medo ou falta de confiança.
Quero redescobrir a mulher que um dia fui sem o teu perfume no meu vestido vermelho.
Se não sou suficiente para me amares, de que vale a pena lutar numa batalha perdida?
Contudo, eu ainda faria tudo de novo, igual ou melhor, dar-nos-ia um começo sem final se isso te despertasse a realidade (agora) irreal de que nós ainda teríamos uma nova oportunidade para sermos amantes, felizes, apaixonados.