domingo, 25 de julho de 2010

Sentidos

Apaguei todas as luzes. Acendi uma vela. A noite estava quente. Procurei-te. Não te encontrei.
Tento lembrar-me de onde ficaste e a razão pela qual não estás agora aqui, a partilhar a noite de Verão a partir da janela no meu quarto, aberta que deixa entrar os sons das luzes citadinas, o murmurar das casas, os suspiros de mais um dia terminado e o desejo de férias.

Quero saber porque não estás aqui a passar as mãos no meu cabelo semi-comprido/semi-longo a dizer que me amas ao sabor da cera derretida.

Eu conheço o teu sorriso e o teu olhar. Nem preciso estar com os olhos abertos para te sentir a percorrer as linhas do meu corpo - fecho os olhos.
Consigo saborear a tua pele assim que me concentro e sinto apenas o calor de uma vela que quase se apaga graças à brisa que corre lá fora e que é cortada pelos automóveis e motos que ouço ao longe.


Tenho um nó no estomâgo de nome Saudade. Aperta até ficar um nó bem grosso como os que fazia quando era criança para os atacadores não se desatarem. Ainda tenho algo de criança em mim. De miúda tola também.


Abro os olhos. Será que fiz asneira?, que cometi um erro?, que disse algo que não devia? Eu só queria um minuto contigo para te beijar e te pedir desculpa. Ainda que o amor não precise de arrependimentos, só de certezas.

Mas eu não sou assim. Eu sofro por saber que o que eu faço pode-te magoar e eu nem sei como resolver. Magouo-me quando deixas que o sentimento negativo te coma por dentro e tu não queres abrir-te comigo e explicar-me o que se passa. Ás vezes preferia que gritasses e pusesses tudo cá para fora a manteres os rodeios e as incertezas.


Eu tenho por ti um sentimento que nunca senti na minha vida. Algo que não tem qualquer tipo de comparação. Um romance inédito, protótipo, único. Daria a vida, a cidade, a noite e a luz se isso garantir a minha vida inteira contigo mas sei que não preciso porque, no fundo, tu sabes que me ensinas a crescer todos os dias, nos bons e nos não tão bons, quando estamos longe ou perto, em andares diferentes ou a passear abraçados e é por isso que tu perdoas, desculpas e deixas passar sabendo que eu vou melhorar - por mim mas também por nós.


Obrigada por me amares todos os dias. Agora sei que estás sempre aqui comigo, dentro do coração que fazes ficar cheiinho, completo, feliz.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

astronauta

Sempre admirei os homens das estrelas, planetas e cometas. A capacidade de serem mais que homens comuns e conseguirem dar um passo maior que eles próprios em prol de algo superior. A humildade e a entrega a projectos que superam os sonhos dos mais audazes.
Um dia também vou ser astronauta, mas de livros, poder saltar num fato especial frase a frase, de selvas de zebras para cidades plantadas para arranha-céus num virar de página consumido pela vontade de querer saber como vai acabar essa história que ainda não terminei de escrever.

Mas preciso de ti aqui: não para me ajudares a desenhar as letras perfeitinhas, soletrar correctamente, usar os termos certos - embora às vezes precise porque a minha letra é uma desgraça! - mas para me inspirares porque, tu, nesse teu fato invisível de astronauta levas-me em voos mais altos e a lugares mais longíquos onde a imaginação nunca tinha estado.
Vivemos numa descolagem constante - a contagem é para àqueles que necessitam de preparação e não de acção - e temos a adrenalina a correr no corpo quando as nossas bocas se tocam, as nossas linguas se enrolam e o tempo já parou no momento em que o nosso olhar se fixou um no outro e as estrelas pareceram um limite amador para nós.

domingo, 20 de junho de 2010

sorte

És o meu amuleto da sorte - o único que funciona. Afastas as coisas más do meu campo de gravidade, tornas as lágrimas uma coisas sem sentido e a cada dia que passa estamos a aproximar-nos mais ainda, como imanes que são o inverso um do outro e, ao mesmo tempo, os mais semelhantes.
Apagas as minhas cicatrizes e as páginas de um esboço de vida incompleto e reescreves, com nossas próprias palavras e gestos de carinho, um verdadeiro romance.
Eu quero viver numa casa com cadeiras de baloiço na varanda e deixar a vida passar porque podemos viver bem com um salário mínimo pois temos um segredo para nos manter de mão dada, ainda que a trovoada não queira passar e o vento seja mais assustador que os teus filmes de terror.


Façamos as malas e vamos fixar-nos onde as árvores crescem altas e fortes como castelos, lagos como gelo polar - não os troco por nada neste Mundo, se estiveres comigo.

domingo, 6 de junho de 2010

dream

Parecia um sonho ter-te ali,

nos meus braços, onde hoje pertences,
adormecido, com um sorriso nos lábios.
São inúmeras as constatações da realidade:
Um "sim" sem reservas, sem hesitações e
cheio de segurança infinita
Uma garantia de que é tudo verdadeiro e possível.
contigo.

Fazes-me sentir uma mulher,
daquelas que sabem
fazer ovos mexidos pela manhã,
recebem carinhos nas costas
e que, sem medo, dizem "Amo-te"

entre um beijo que parece nunca ter fim.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

super-herói

Há sempre alguém pra te salvar, se queres saber, se queres sentir a todo o gás.
Há sempre alguém pra te dizer se vais cair pra te travar e adormecer.
Antes do dia, antes da luta, eu sei-te ver.
Antes da noite te sarar eu vou saber, antes da chuva te romper e te lavar,
Há um sítio onde a estrada te deixou por onde tens que ir se te queres libertar.


Tiago Bettencourt in Caminho de Voltar
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Acredito que nos aceitamos um ao outro; Que nos salvamos um ao outro do nosso lado negro, obscuro ainda que a outra metade de mim sejas tu e ninguém mais que tu.

Conheces-me como a palma da tua mão. As linhas, o suave e o áspero, os pontos sensíveis e os dolorosos.Carregaste-me ao colo como um super-herói. Levantaste-me quando eu não via as tua mãos em direcção a mim.
Já te disse "obrigada, meu amor" vezes suficientes? Acreditas que é verdade que, na minha mente, tu vieste em meu socorro quando a minha voz era ensurdecedoramente silênciosa e eu me apoiei em ti como faziam as dozelas em perigo?
Sonho conosco assim: Eu, firmemente, presa a ti. Tu, confiantemente, colado a mim.
Não quero os super-poderes. Que seria de ti com apetrechos?
Vamos apenas voar com os pés no chão, vendo, claramente, a vida que temos pela frente, os baloiços de madeira a construir nos alpendres de uma casa à beira do lago onde, à volta, crescem pinheiros mais velhos que o tempo, os lobos ainda uivam como na altura do Robin Wood e talvez, só talvez, ainda haja uma gruta onde se escondem segredos mais antigos que o próprio Homem.
Eu estou apaixonada por um herói da vida real e para mim, isso transcende felicidade cepticamente considerada utópica.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Era bom

Era bom poder dizer que te tenho comigo sempre;
que a minha vida vai correndo, girando graças a ti,
graças ao teu toque e ao teu sorriso, ao teu olhar.

Era bom poder gritar. apontando para ti, que és tu
o homem que me faz escalar o Mundo num segundo,
que me trás a luz da manhã num dia de nevoeiro.

Era bom poder chegar a casa depois de um dia mau,
de uma chuva torrencial, de um guarda-chuva estragado,
e ter-te ali, quentinho a tirar-me a roupa molhada.

Era bom.

Mas ainda assim prefiro ter-te nos meus braços assim,
de forma fugaz e incerta, garantindo a ansiedade e necessidade,
a vontade e o desejo de mais um beijo apaixonado.

Prefiro quebrar a rotina e saltar para o teu colo,
apreciar mil vezes mais o teu carinho e a tua atenção,
garantir a tua presença em mim, mostrar-te que és tu o meu mundo.

Amo-te - ainda que não sinta o teu calor todos os dias,
não sai da minha cabeça a tua imagem, a tua pele na minha.
Aquece-me o coração e conforta-me, lembra-me que pertenço a ti,
numa memória refrescada a cada segundo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

o que é meu, é teu


Conheces aquele riso incontrolável que tenho quando me agarras?
A sensação manifestada de saber que é a ti que pertenço.

É tão simples que é passível a todos aqueles que me vêem na rua e o meu sorriso transporta-os para um estado de plenitude, serenidade quase semelhante àquele no qual me inseres quando me abres a porta da tua alma e eu te vejo ali, para mim, sabendo que esse movimento será uma constante sem interrupções.

No entanto, o nosso sentimento, embora simples, é construído a pouco e pouco, como uma pintura que demora uma vida a ser terminada, em que somos, nós, os artistas incensáveis e desejosos de melhorar a cada passo sem ter bem a certeza do resultado final, daquilo que queremos que seja o término de algo tão bom.

A satisfação plena não é possível, não é permitida porque a partir daí não há evolução, conhecimento ou até mesmo admiração e respeito. Convivemos neste processo harmonioso e estimulante porque tu sabes os meus defeitos e qualidades e de que gosto de festinhas nas costas, de comer coisas que me fazem mal e de descobrir poetas que pouca gente conhece, que gritam e exclamam sobre pormenores e outros que tais, partilhados contigo, vindos de páginas amareladas que sugerem o envelhecimento do material mas não das ideias; e eu, na minha inocência não muito disfarçada absorvo cada segundo contigo como se fosse o último, como se a qualquer momento tudo se esfumasse e desaparecesse por debaixo da porta.

Talvez seja essa insegurança, fruto de um passado no qual tu estiveste sempre presente, que me leva a conservar-te como um livro antigo e precioso, cujas folhas fragilizadas com necessidade de cuidado parecem trazer-me ainda mais força para te descobrir, a ti, que és e sempre foste uma narrativa aberta, sem pontos finais. Mostraste-me como trazer cá para fora os meus conflitos internos, resolve-los externamente para depois os deixar partir - sem pressões e sem interferências directas porque acreditaste em mim, nos meus sonhos e capacidades sem seres super-concreto, deixando sempre, para mim, uma janela entreaberta para que pudesse saltar e correr para ti.
Amo-te sem forma definida, como um sonho que vem de dentro, gritantemente explicitando que quer ser ouvido e partilhado com todos aqueles que nunca experimentaram a sensação de ter a verdade na sua posse mesmo que seja uma daquelas que se aperfeiçoam e se melhoram com o tempo e com (não duas mas) quatro mãos entrelaçadas, sem quebrar a corrente que nos une e fortifica. Sem dúvidas ou inconstâncias, só eu e tu, tomando como certo que o que é meu, é teu e vice-versa, jurado num momento nosso.

terça-feira, 6 de abril de 2010

wonderwall



"Because maybe, you're gonna be the one who saves me ?
And after all you're my wonderwall"

Oasis

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pessoas de palavras

Deixei-me levar. A minha boca dizia um "não" tremido mas os corpos diziam o "sim" manifesto.
Queria fazer-te pedir por mim, implorar pelas minhas mãos e boca mas as curvas escorregavam por entre os teus dedos, esses quebradores de regras que não param quietos, que insistem em conhecer-me e reconhecer-me como se o tempo e a distância não fossem obstáculos.

Recomeçamos sempre de um ponto final efémero tornando-o no começo de mais um dia, de mais umas horas de amor intranquilo e simultâneamente o mais pacífico que vivi. Sabemos romper com o auto-controlo, desfazê-lo, cortá-lo em pedacinhos e deitá-lo fora porque, sinceramente, não encontramos qualquer utilidade em sufocar o desejo que vem do âmago mais profundo, provoca a nossa libido a níveis extremos mesmo com um beijo doce, intemporal.

Mil vezes te disse que sou uma pessoa de palavras e cada vez me apercebo mais que tu és uma pessoa de acções. Fazes-me as vontades, mimas-me e habituas-me mal. Mas sinto que é tudo espontâneo, sem esperar nada em troca e aquilo que mais provocas é uma vontade enorme de te retribuir e mostrar-te o quanto és importante para mim. Fazer-te ver que, por seres uma pessoa de gestos, as tuas palavras soam mil vezes melhor.

Marcas o meu corpo e a minha alma, todos os dias sem excepção, mesmo quando não estou contigo.
Riu como uma criança, brinco, assusto-me com facilidade. Ás vezes, faço até birra só para ter mais um dos nossos beijos ou apenas para estar contigo mais cinco minutos.São ilimitadas as sensações que me provocas porque tu vês coisas que eu não vejo no espelho.

Despertas o melhor de mim e hoje tenho a certeza de que é simples: Amo-te.

terça-feira, 23 de março de 2010

Vicio

Umas vezes paro, outras penso, outras paro e penso.
De todas as vezes que penso tenho-te comigo.
Vagueias no meu pensamento sem amarras e
ainda assim parece tudo tão certo.

Quando me olhas, como um menino, como se fosse a
primeira vez e os teus olhos brilham como se
tivesses a certeza de que um dia vou ser a tua mulher.

O meu cabelo meio longo, suave ao toque
já se cruzou inúmeras vezes com as tuas mãos
tão viciadas em mim. como as minhas estão de ti.

Acho que é isso, viciados é como estamos,
como a nicotina que nos prende ao cigarro da tarde
E eu quero que venhas para junto de mim,

passeies de mão dada comigo, sem medo do mundo.
Dá-me o teu abraço porque é por ele que corro,
dá-me a tua boca que é nela que me vicio.

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"Vem quebrar o medo, vem
Saber se há depois
E sentir que somos dois,
Mas que juntos somos mais
Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor"
Canção Simples, Tiago Bettencourt

segunda-feira, 15 de março de 2010

D

"(...) É como viver aquela sensação de andar descalço na areia fria, um vicio meu desde criança - sentir o granulado incomodamente feliz, indêntica tua barba que roça as costas da minha mão, enquanto as beijas e as mordes e brincas com elas. É tão bom ver-te e sentir-te. Ter o calor da tua boca entre os nós dos meus dedos, divertido, como se já soubesses o que nos esperava.

Relembro o quanto era bom, sermos menino e menina e não homem e mulher - o perfeito em nós é o facto de conseguirmos ser ambos simultâneamente.
Enrolados na mesma cama, só teu calor me basta apesar estar sol lá fora.
Mas nós hoje somos dois morceguinhos, fechados na gruta de janelas corridas

E quando finalmente ganhamos coragem - "It's all so quiet...Shh, shh.", parece que a Bjork acertou nas nossas mentes ao mesmo tempo, mas foi tão natural que nem notámos que o tempo passava, que eram as últimas horas da semana que passávamos juntos.

(,,,) Quando finalmente pensei no que nos tinha acontecido, descobri que tinha uma calçada cheia de desejos, cheia de ti. A cada passo, dou-te um pouqinho de mim.
A verdade é que tu nunca foste, mas sempre estiveste. E porque não, se és tu quem me faz feliz?"

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sereia, mulher e amante

É um amanhecer para a vida quando se beija alguém para primeira vez.
Alguns dias nascem cinzentos, mortos e apáticos.
Outros trazem a luz do Sol, o calor e a chama.

Tornamo-nos leve e nadamos ao som das línguas que parecem ter o ritmo das ondas, regulares, agri-doces e de vez em vez, são, em apenas um rebolar, um as brincar de crianças, um mar bravo feito corpo ou espírito.
A respiração, ofegante ou serena, que me elevam a um estado de paz interior como se pudesse ouvir o som de mil búzios ecoando, sentindo cada vibração passar pelo meu corpo suave, queimado pelo sol, brilhando - como a água - em antítese com a tua boca tão rude e áspera e masculina - como areia.
Os mil e um centímetros da minha pele chegam para que, numa única viagem, ainda que experiente marinheiro, te percas e te encontres, perseguindo um canto de sereia tornado real ainda que não na voz mas sim nos meus lábios, na harmonia da curva das minhas costas, no ritmo dos meus ombros fortes e na melodia do meu decote entre a lingerie que tem a cor de um pôr-do sol eterno.
Podes até trazer a chuva e fazer-me beijar-te por entre lágrimas de tristeza, de desejo ou felicidade. Podes até ancorar-te em mim, ser eu o teu cais, o teu farol. Torna-me essencial à tua construção.
Mas beija-me, traz contigo o sabor das tardes passadas na areia mesmo que apenas em pensamento. Traz o teu sabor a praia, a água, a sol, a ar, a concha.

Deixa-me ser tua. Dar-me a ti. Ser o teu porto de abrigo e a tua aventura.
Sereia, mulher e amante. Mais do que música, mais que amor, mais que desejo.
Estou a beijar-te mesmo que a imaginação me traia e me diga que tu não és real, não passas de um espectro concebido pela minha mente para que eu me mantenha tão ocupada que não veja o que é verdadeiro.

domingo, 7 de março de 2010

Dearly, truly.

Sometimes I go out, all by myself, and I think of all the things and in my head I paint a portrait of us.

Since I 've got home, my head's been a total mess, and I miss you, your hug, your hair and even the way you like to dress.

I feel, well deep inside, that you won't leave my body or my heart. You warm me up when you dance with me or when you give me that look that shows me how much I mean to you.

You're the one who never let's me down, who is there for me inconditionally.
You're the truest prince charming I ever known.

I love you,
dearly, truly.
You'll be the right between the wrong, always.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sem emoções

Por favor não digas o que estás prestes a dizer
Não me faças perguntas às quais já tens respostas
Tu não és o meu homem.
Eu não estou a tentar ser a tua mulher.
Querido, desculpa mas não és o único.
Pára de agir como se fosses tal.
Nós tinhamos um acordo;
Então porque estás a agir assim?

Nós acordámos: Sem emoções.
Não te apaixones por mim!
Eu não sou aquela que procuras
Nós definimos: Sem compromisso!

Olha, eu só te vou magoar!
Por favor, por favor, não me agarres!
Por isto é que eu não queria começar nada!
É só corpo: Bebé, não dá para mais.

Isto é só diversão.
Sem emoções
Não te apaixones,
Só vai estragar tudo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Corpo e mente.

Devia ser tão fácil como saltar e levantar os pés do chão.
Uma mulher, um homem. Corpo, mente, mente, corpo.
Sem compromissos ou promessas, sem história ou passado.

Só eu e ele. Sem manhas ou sentimentos fruto da loucura
dos apaixonados.Com ele só o físico, o toque, o presente.
Corpo colado ao corpo; Mente longe da mente.

E porque não? Se o riso for parte do todo, se mexer com
todos os músculos e sentidos, é físico, não é?
Faz parte da boca, da barriga, dos olhos, do sentir.

E é tão fácil rir contigo, partilhar-me contigo ainda que
o meu corpo não seja teu e a minha mente nunca seja.
É tão fácil e faz-me tão bem, dá-me paz, tranquilidade.

Contigo, ponho as vírgulas, as exclamações - tens isso.
Possuis essa parte de mim. Nunca os pontos finais.
Para terminar tem de começar e nós saltamos;

e levantamos os pés do chão, como as crianças no jardim
Escapamos para os capítulos do climax, do respeito,
Quisemos a parte da história que é feliz.

E porque não? Queremos corpo e não a mente.
Aqui, ali, na cama, no colo, no chão, no ar.
No físico tornado emocional sem deixar de ser corpo.

Apenas corpo, apenas saltar e tirar os pés do chão
Deixar a mente pendurada no cabide; O coração?´
Levo-o comigo para lembrar ao corpo do que a mente não controla.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Recuperação

(...) Por muito que te diga que é impossível, que o meu coração pertence ainda a outro homem, tu mantens-te ali, sem te moveres nem um centímetro, à espera do meu passo na tua direcção.
No teu íntimo, tu gritas: "Beija-me." - posso vê-lo nos teus olhos, no teu toque, na tua voz.
A confusão instala-se e é como se milhares de luzes se focassem agora em mim.
Podia correr, desmaiar, cair, desaparecer, fugir para uma ilha secreta onde mais ninguém no mundo pudesse descobri-la senão tu.
E depois?
Os problemas deixados para trás só iriam crescer, engordar até não caberem nas portas, explodir! Mas nem assim,nem com a sua obesidade mórbida, iriam desaparecer.
Tenho de os resolver para um dia, mais tarde, num lugar que só nós conhecemos, poder ser feliz de novo, abrir o meu coração e confiar.
Não o posso fazer já porque tenho a capacidade de gostar desfeita, estilhaçada em pequenos fragmentos, estrangulada pela acção de outros homens que vieram antes de ti.
Porque eu já amei muito mas não muitas vezes.
Mesmo que tenho dito "Amo-te" mais vezes do que a verdade requiz, fi-lo para a satisfação de outrem e para me convencer a mim mesma que era capaz de superar a perda emocional daquele que me fez mais feliz apesar de todos os seus e meus defeitos, numa relação que um dia sonhei que era para durar.
Apesar de já não ser uma miúda, continuo com os sonhos despertos embora estejam agora guardados num cofre cuja fechadura enferruja a cada dia que passa.
Não estou à procura de nada, não quero um namorado; apenas um amante que não me prenda com amarras de ferro.
Não quero ser parte de alguém mas sim o todo - e ainda assim, não estou preparada para isso. É como lutar por algo que queremos mesmo, desde crianças: Primeiro é preciso querer, depois perder, depois sofrer para então recuperar, querer de novo, depois ganhar para ser feliz.
Perdoa-me mas ainda estou em recuperação de um sonho desfeito.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Eu vou dizer não.

(...) Se te seduzo com o jeito do meu cabelo,
inconsciente, natural, sem forçar
O teu coração dispara, lança foguetes insonoros.
Há mais de um mês que sonhas comigo,
Com o meu perfume que mais ninguém usa.

Vais-me querer e eu vou dizer não.
Eu dou nas vistas até sem querer
mas sabes que me olhas quando passo.
Deseja-me e depois diz "Adeus, até um dia".
Mas no teu intimo sabes que me vais desejar sempre.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mito

"Quando falo do homem que em ti conheço, falo do que vi e de tudo o que vivi, muito mais do que o meu amor apaixonado e o meu optimismo infantil me fizeram imaginar.
Esse homem que eu julguei como o certo para mim não foi mais do que um mito; nasceu, cresceu e morreu num outro livro. Não precisamos lá voltar."

Margarida Rebelo Pinto in O dia em que te esqueci



(...) Tu, mais que ninguém, sabes que é difícil resistir-me quando te abraço e passo a mão pelas tuas pálpebras como fiz tantas vezes. Sentes tanto a minha falta quanto eu. Podes negar quantas vezes quiseres, espernear internamente, gritar, correr, fugir até mas não vais sair do calor dos meus braços até eu me afastar.

É como se fosse uma questão de sobrevivência: eu preciso do teu cheiro comigo, esse que me lembra daquela noite fria em que era o teu corpo o meu cobertor, meu afrodisíaco, tudo num só homem.

Tu precisas de mim para cuidar de ti, me preocupar contigo, passar a mão pelos teus cabelos e dizer-te que vai ficar tudo bem e que, num dia não muito distante, nós vamos fugir para um lugar só nosso onde as imposições negativas do teu coração não se vão meter no caminho.

Um sonho, que vira sorriso, que vira lágrima, que vira tu, que vira eu, que vira nós, que vira mito.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Não me arrependo dos momentos em que sofri, carrego as minhas cicatrizes como se fossem medalhas, sei que a liberdade tem um preço alto, tão alto como o da escravidão"
Paulo Coelho in Zahir
Se eu tivesse tentado e falhado, não sei como seria o resto da minha vida: por isso, decidi que era melhor viver sonhando do que enfrentar a realidade de que eu e ele nunca mais daríamos certo.

Ainda assim quando eu não tive nada a perder, recebi tudo. Agora, consigo, mais uma vez aproveitar os momentos que passo contigo, que partilho mesmo sem o tocar e sem o olhar nos olhos. (Ainda tenho medo de o ver a olhar para ela ou para as suas mensagens no seu telemóvel, ficando totalmente do mundo que me envolve e onde ele se insere.)

Ele afastou-se de alguém com quem poderia ter sido feliz, se se tivesse permitido ter uma segunda, terceira ou quarta oportunidade. Não que eu não a merecesse ou ele não quisesse - Apenas não tinha força para a dar ou porque não soube dar valor.

Sei que posso viver sem ele, mas gostaria de lhe dizer o que nunca disse enquanto estávamos juntos por falta de coragem e confiança: "Amo-te mais do que a mim mesma".
Se eu lhe pudesse dizer isto, então poderia seguir em frente.
"Se a dor tiver que vir, que venha rápido, porque tenho uma vida pela frente e preciso de a viver da melhor maneira possivel. Se ele tem que fazer alguma escolha, que a faça logo. Então, eu espero-o. Ou esqueço-o. Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber que decisão tomar é o pior dos sofrimentos."

Paulo Coelho in Na Margem do Rio Piedra eu sentei e chorei.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Se ele quiser

Se ele quiser uma amante
Eu farei tudo que me pedir
E se quiser outro tipo de amor
Eu usarei um disfarce, serei actriz.

Se ele quiser passear
Vou dar-lhe a minha mão.
Se ele quiser uma lutadora
Eu vou entrar no ringue.

Eu desfiz-me em promessas,
mil promessas
Feitas com o coraçãio
Que eu fiz e não pude cumprir.

Ah, mas uma mulher nunca,
consegue um homem de volta
Não, se implorar de joelhos
Ou se rastejar até ele
Ou cair aos seus pés.

Mas, eu agarrar-me-ia ao seu corpo
E eu enrolar-me-ia nos lençois
Eu diria por favor, por favor
Eu estou aqui

E se ele tiver que dormir
Durante um momento, ou todo o dia
Eu vou partilhar o meu sono com ele
Velar por ele, cuidar dele.

E se ele quiser seguir sozinho
Eu vou desaparecer, evaporar.
Mas se, um dia, mesmo que distante,
Ele me me quiser
Eu vou aqui estar para dar e não para receber.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

História (I)

"Vou contar-te uma história de um homem e de uma mulher.
Foi simples, calmo, romântico enquanto durou.

As discussões tinham ficado no passado assim como as discussões e zangas. Caminhavamos para um mesmo ponto, desafiando a gravidade e os medos.

Algo mudava lentamente dentro dela. Encontrava nele mais que um amigo. Ele transcendia o positivo crescente, era a mistura de tudo aquilo que ela considerava bom nas pessoas.
Adorava aquele riso cómico e típico que a lembrava um cartoon, daqueles que via em criança.
Ele tinha a doçura de um príncipe encantado e o sentido de protecção de um irmão mais velho. Concentrado de coisas boas sem nunca esquecer os seus beijos inimigos das horas, viciadamente dados.

Numa noite de chuva, ele disse-lhe que a amava enquanto se dirigiam para casa.

O coração dela parou.
O tempo dela parou.
Apenas a chuva se manteve inquieta, constante, latente como o sangue que pulsava sem compasso no corpo dela.
Esse momento ficaria guardado para sempre na memória dela. O sabor dele ainda estava quente na sua boca, ainda podia sentir os olhos brilhantes, de embaraço ou inquietação quando ele o disse, a perseguir cada pedaço de pele descoberto..."

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mãos

Gosto quando me fazes isso.
Quando passas as tuas mãos pelas minhas, entrelaças os meus dedos nos meus.

Percorres as minhas marcas de nervosismo, de cansaço patentes, deixando a tua impressão digital em cada uma delas. Torna-las tuas, nossas - conheces a minha pele com os nós dos teus dedos.

Levas o seu sabor de encontro à tua boca e beijas-me com carinho e, depois, brincando com as minhas reacções, passas levemente o teu indicador pela palma da minha mão.

Suave como vento, quente como o fogo que crepita na lareira.
Estou sentada ao teu colo. Sinto a tua barba por fazer, o teu nariz, as tuas pálpebras.

Dou um pouco de mim. Conto-te em silêncio os meus segredos, o quanto me fazes feliz - tudo com apenas dois dedos viciados na tua textura, em cobrir os teus sinais.

Como uma criança, riu-me daquilo que tu dizes. És engraçado e não gostas de sopa.
Reparo na cara que fazes quando a tua mãe diz que a tens de comer - surge de novo o miúdo que em tempos conheci.

Sei que estou prestes a ir embora então saboreio cada segundo, milésimo de segundo ao teu lado.
Sinto a tua falta todos os dias. Sim, todos os dias sem excepção.


Shall we run away and leave it all behind?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Wanted

Vens inocentemente, com esse teu ar de menino, com o teu jeito de falsa ingenuidade.
Tu sabes, perfeitamente, que estás louco.

Louco para me tirar a roupa à dentada, ver-me torcer enquanto me mordes a barriga.
Cada centímetro meu, mexe contigo apesar de só poderes ter as mãos onde eu quero, quando eu quero. Deitado na minha cama, quente, menino-homem, sou eu que mando porque quando tu me queres e eu não te quero.

Ainda assim, eu não te conheço. Nada do que é teu me pertence assim como eu pertenço a outra pessoa que, não és tu que agora me beijas as costas, a boca, o pescoço.

Olhas-me de uma forma sem sentido, cheia de malícia mas simultâneamente parece-me até carinho ou respeito. Não me perguntes porquê, contudo sinto que tu conheces a verdade que me trazes. A tua vontade torna-se minha. És tu que mandas porque quando eu te quero, tu não me queres.

O desejo é bilateral. Tu consumes-me, eu consumo-te .

Na minha cama onde só tu estivestes, onde percorreste, aqueceste, devoraste o meu corpo num tempo em que nos deixámos ir- Aí? Aí, ninguém mandou.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Querer

Por vezes nem tudo é como queremos. Tu não és como eu quero.
Quem eu quero atura as minhas birras, ouve-me, nunca discute comigo nem me faz ficar triste.

Quem eu quero liga-me a meio da noite se estiver doente, convida-me para dançar sem vergonha e ri-se para mim e faz-me sorrir também.
Não tenho quem eu quero. Mas não preciso.

Porque em todos as coisas (boas e menos boas) vejo-me em ti.
Em cada gesto, em cada frase, em cada carinho dado de uma forma inexplicável aos olhos das pessoas comuns.
É difícil explicar esta sensação. Esta transcendência de sentimento por ti.

És importante na minha vida embora as vezes nos esqueçamos ou não queiramos lembrar que, para além de tudo o que um dia possa passar entre nós, para além das zangas e para alem das coisas boas que hão-de vir.

Um dia vai ser como eu quero.

Sombra

Dois corpos. Uma só sombra. Uma só alma.
Algo que une de uma forma inexplicável.
Não há inicio nem fim. Nem Bem nem Mal.

São apenas caminhos cruzados cravados na pedra.

Mesmo quando o Sol não desperta,
quando não há fuga possível,
emerge uma luz que traz a união de volta.

A amizade, o Amor.

A sombra vai ser sempre fiel e acompanhar-nos qualquer que seja a circunstância.
A ligação que os torna únicos, algo que se manterá para o resto da vida.

Não dois, mas um.
Uma só sombra.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ela

"Sou um hipócrita.
Tentei mentir. Ela sabia que era tudo verdade e não pude fugir.
A verdade é que eu a tinha traído. Físicamente mas, pior ainda, emocionalmente

Mas se ela for...
Sem os seus beijos, os seus carinhos, os seus abraços.

NÃO! Ela que faça de mim o que quiser,
Pode até bater em mim, chamar-me nomes, gritar,
Mas por favor, não quero que ela vá embora.

O seu beijo pertence-me. O seu corpo e mente também.
Por favor não deixes, não deixes que ela feche a porta!!

Eu sei que ela confiou em mim, que te se deu a mim
Enfraqueci a nossa história,
Queimei as páginas que ainda estavam por escrever.
Não pensei com o coração e agora ela não está mais aqui.

Foi embora e a culpa é minha.
Vejo-a ir, sozinha mas com vontade.
A minha? Fugiu? Sim,
Com ela, só com ela, mil vezes com ela.
E já não há volta, fui eu quem escolheu."

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Hoje eu estou sozinha

Hoje eu estou sozinha
Vou pintar minhas unhas,
alisar o meu cabelo agora negro,
como tantas vezes fiz para te ver sorrir.

Hoje eu estou sozinha,
Vou-me arranjar, produzir,
ler o livro que trago na carteira
Não sei se me vou ou se me trago.

Se eu me perder pelo caminho
Eu perco-me sozinha.
O mal é meu.
Mas se eu ganhar
Aí sou só eu que ganho.
O mérito é meu.

Já parei.
Parei de te esperar
PAREI!!!

De te procurar,
De te esperar
De ligar só para ti
E te compreender,e que mais? ah!...

Tu sabes, tu sentes.
Ainda que por breves rasgos de tempo,
sentes a minha falta.

Ainda assim, hoje eu estou sozinha
E tudo parece mais e maior.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Persistência - (III)

"O tempo corria e só os nossos beijos roubados o faziam abrandar, ganhar folêgo para, de seguida, nos afastarmos e procurarmos de novo, como uma música sem compasso constante.

Apesar de tudo eu sei as tuas cores, que és capaz de ser um camaleão, que facilmente te adaptas às minhas necessidades, vontades, impulsos para teres aquilo que desejas naquele momento.

Reconheço que é parte de quem tu és e não pretendo mudar-te assim como não vou mudar os meus valores ou mecanismos por causa de uma aventura contigo.
Como já te disse mil e duas vezes, eu não funciono como as outras raparigas as quais estás habituado.

Talvez não saibas reagir a isso ou então sou eu que na minha ingenuidade acho que é isso que acontece.
És como o vento que já passou na minha história. Sabes levemente as coisas que me afectaram (e ainda me afectam, por vezes) e por uma estranha razão senti que compreendeste minimamente. Estranho, não é?

Quero fugir de novo contigo, um fugir de crianças, sentar contigo num banco de jardim e beijar-te e deixar-me beijar.
Precisas de mais? Eu não e também não te peço mais nada.

Persistência - (II)

"(...) Percorreste cada centímetro com os teus olhos, sonhaste ter a tua boca no meu pescoço e nunca mais dali sair. Quiseste abraçar-me, passar as mãos pelo meu corpo, as minhas curvas que tantas vezes te atraíram.
Eu sentia-me bonita naquela noite. Tu fizeste-me sentir desejada.

Não escondeste a tua vontade e, quando os teus dedos me tocaram na pele, olhastes-me como se eu fosse pecado. Desafiaste-me e sabes bem que eu não resisto a uma provocação. Insolentemente, encostaste o meu corpo ao meu, puxaste-me para ti.
No meu pensamento, o sabor imaginário da tua boca. Todos os meus sentidos captavam cada um os teus gestos, independentes mas subordinados aos meus movimentos.
Sabes que eu mexo contigo.
Sabes que eu não sou mais uma.
Acho que é isso que te atrofia, que te definha, que te confunde.
Eu atraí as tuas qualidades e nem sequer pensei no possível negativo.
Senti o calor da tua língua na minha graças à minha cedência e a tua persistência
Levaste-me contigo, arrastada confortavelmente no nosso embalo.
O tempo corria e só os nossos beijos roubados o faziam abrandar, ganhar folêgo para, de seguida, nos afastarmos e procurarmos de novo, como uma música sem compasso constante. (...)"

domingo, 24 de janeiro de 2010

Persistência - (I)

"Estava frio e tu tinhas-me abraçado durante toda a noite.
Persistente e obstinado como sempre, rondavas o meu espaço, entravas sem vergonha e trazias a lata própria de um copo a mais.
Os nossos amigos comuns mandavam as suas indirectas mas eu não tinha qualquer tipo de ideia em relação a ti.
Em tempos, quando desconhecia a tua faceta exibicionista, mexias comigo, com o meu corpo e a minha libido, mas provocaste-me o turn off total quando a conversa sobre tuas proezas sexuais em frente aos teus amigos era muito mais importante que tudo o resto.
O desejo morreu aí e todas as tentativas provocadoras, irresponsáveis eram lançadas por terra tanto por mim como por ti.
Vivíamos no jogo constante, em que os participantes não eram apenas nós e, contudo, fomos atraídos e repelidos incessantemente.


Não desististes, persististes, insististes.
Acho que deves ser das pessoas mais teimosas que eu conheço.
Como aqueles bonecos "sempre-em-pé" que se recusam a cair, a cansar de correr atrás por aquilo que querem.

Tu quiseste-me, nunca escondeste. Não havia essa necessidade entre nós. A irracionalidade racional que nos toma quando nos juntamos é vísivel e passa para o resto do mundo - e eu que achava ter ainda sangue de actriz.
Forçaste-me com esses olhos verdes, consumiste-me com o teu ar de malandro.

Desconhecias os meus defeitos mas analisavas cada uma das minhas virtudes gritantes através da minha camisola justa, decotada, a saia curta e esvoaçante que deixavam ver as minhas pernas que se delineavam graças aos saltos altos.
Percorreste cada centímetro com os teus olhos, sonhaste ter a tua boca no meu pescoço e nunca mais dali sair. (...)"

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

on my own


Sozinha. Imaginado que ele está aqui,
sentindo os seus braços à minha volta.
Fecho os olhos. Ele encontrou-me.
Chove. A rua brilha como prata e eu vejo-nos, o nosso reflexo.


É apenas imaginação. Estou a falar sozinha.
Estou a falar sozinha e não para ele.
E mesmo que ele seja cego
eu ainda digo que há uma hipotese para nós.


Amo-o. A noite desvanece. Ele desapareceu.
O mundo mudou. A rua está cheia de estranhos.
A chuva parou. Procuro-o, encharcada.
Onde está o seu abraço?



Amo-o, mas todos os dias aprendo. Estive a fingir.
Sem mim, o mundo dele continuará a girar.
Um mundo de felicidade que eu nunca conheci.
Amo-o, amo-o, amo-o mas estou sozinha.


(Adapted from - On my own)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pedido de desculpas

Foi um dos momentos mais esquisitos que já vivi.
Rápido, sem qualquer tipo de sentimento deixei-me beijar por alguém que não eras tu.
Sabia o quão destruidor ia ser aquele momento.
Sabia que, por muito que tu também já o tivesses feito, era o meu acto que ia deitar por terra tudo.

Não te podia esconder. Não podia saber que tinha algo que não tinha partilhado contigo.
Eu prometi-te que estaria aqui para o bom e para o mau. Mesmo que o mau fosse eu, mesmo que, também eu, fosse capaz de te magoar.

Afinal, tenho defeitos. Consegui destruir algo que já tinhas deitado por terra.
As lágrimas derramadas constantemente, diariamente, não chegam para tu poderes compreender o que eu senti quando tu me disseste, mais de que uma vez, que te tinhas partilhado, dado de ti a mulheres que não eram eu.

Já sabias há muito tempo que eu não te minto, não escondo, não omito.

Precisava que soubesses para que me podesses julgar como eu não fiz, odiar como eu não consegui e não perdoares, ao contrário de mim.
Não que tenhas algo a perdoar: tal como tu, eu não te devo nada (pelo menos na teoria).
Na prática é bem diferente. Se te pertenço, mesmo que tu não me queiras, tudo o que eu faço tudo o que tu fazes me afecta, me destroí.

E agora? Não consigo ser feliz contigo nem sem ti. Apenas não me faças perder tudo o resto.
Sei que um dia te disse que não queria nada pela metade.
Isso era antes de saber que não ter é bem pior do que ter uma parte.

Desculpa-me.

Chave

Fechei todas as portas e janelas.
Corri as cortinas, tranquei as portadas.

A chave? Lancei-a no final da história, no poço profundo como o da "Alice no País das Maravilhas" e ela caiu...
caiu...
caiu...
e nunca deixou de parar de cair porque tu não deixavas de escavar, escavar, escavar.
Também não a quero - só me trouxe falsas esperanças.
Tenho a casa fechada. Ninguém sai e ninguém (mais) entra.
Muito menos tu.
Expulsei-te, devolve-me o que é meu.
_______

No entanto, percorrendo os quartos, encontro o teu perfume vagabundo, escondido nos livros, na cama e na roupa que não levaste.
Visto uma das tuas camisas.
O vento bate nas janelas, forçando-as a abrir.

Dispo-me. Dispo-me de ti (como de todas as outras vezes).
A ventania dá então lugar à brisa - há agora calma lá fora.
Cansei de te sentir. Fazes-me bem e mal. És Sol e trovoada.
Quero a casa fechada. Ainda está a chover e eu não quero mais estragos.