segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chave

Fechei todas as portas e janelas.
Corri as cortinas, tranquei as portadas.

A chave? Lancei-a no final da história, no poço profundo como o da "Alice no País das Maravilhas" e ela caiu...
caiu...
caiu...
e nunca deixou de parar de cair porque tu não deixavas de escavar, escavar, escavar.
Também não a quero - só me trouxe falsas esperanças.
Tenho a casa fechada. Ninguém sai e ninguém (mais) entra.
Muito menos tu.
Expulsei-te, devolve-me o que é meu.
_______

No entanto, percorrendo os quartos, encontro o teu perfume vagabundo, escondido nos livros, na cama e na roupa que não levaste.
Visto uma das tuas camisas.
O vento bate nas janelas, forçando-as a abrir.

Dispo-me. Dispo-me de ti (como de todas as outras vezes).
A ventania dá então lugar à brisa - há agora calma lá fora.
Cansei de te sentir. Fazes-me bem e mal. És Sol e trovoada.
Quero a casa fechada. Ainda está a chover e eu não quero mais estragos.

Sem comentários:

Enviar um comentário